Com quase 300 obras, entre pinturas, gravuras, desenhos, estudos e cerâmicas, esta mostra retrospectiva celebra o centenário de nascimento de Fulvio Pennacchi. Nela, será possível ao público entrar em contato com a produção multifacetada desse artista que soube como poucos demonstrar em seu trabalho o desejo de integração entre seu passado europeu e seu presente brasileiro. Curadoria de Tadeu Chiarelli.
Nascido em Lucca, Itália, em 1905, e emigrado para o Brasil no final dos anos 20, Pennacchi teve toda sua obra estruturada e desenvolvida no Brasil, mais precisamente em São Paulo. Se o artista trouxe de seu país uma formação pautada na erudição da arte aliada à valorização do fazer, foi no Brasil onde ele exercitou essa bagagem, mesclando-a à sua vivência local, atento aos estímulos do novo ambiente. Conhecido por sua participação como pintor no Grupo Santa Helena, ativo em São Paulo em meados dos anos 30, o artista também atuou como arquiteto, produtor de afrescos, ilustrador e ceramista, além de ter desenhado móveis para espaços públicos e privados, assim como objetos de decoração.
Abertura dia 13 de maio, sábado, das 11 às 14h.
Em cartaz até 25 de junho de 2006.
Em cartaz até 25 de junho de 2006.
Patrocínio: Pirelli, Bradesco Seguros e Previdência e Lei de Incentivo à Cultura – Ministério da Cultura.
Apoio: Instituto Italiano de Cultura de SP.
Fulvio Pennacchi – 100 Anos
A experiência artística de Fulvio Pennacchi no Brasil resgata como poucas os processos de adequação problemática de um artista que, a partir de uma aprendizagem erudita e dentro dos padrões consagrados pela tradição de seu país de origem, vê-se imerso, de repente, não apenas em um novo país, numa outra cultura, mas, igualmente, num momento em que aos poucos vão chegando novas concepções artísticas e estéticas – muitas excludentes entre si – sobre as quais ele, obrigatoriamente, vê-se levado a enfrentar e a interagir.
Ao ter que optar por abrir-se para o Brasil e para a arte do século XX, por formação e por temperamento, viu-se predisposto a escolher a tentativa que vários de seus colegas italianos estavam operando, no sentido de transformar em opção inovadora – e também reguladora do aparente caos da arte dos anos anteriores à Primeira Grande Guerra –, o renascer dos valores da pintura italiana dos séculos XIV e XV. Naquele instante, essa opção foi entendida por muitos como inovadora, no sentido em que o muito antigo pode reaparecer como o inusitado, dentro de um novo contexto.
Inserido nessa primeira opção, aos poucos o artista viu-se tentado a fazer conciliar com ela um naturalismo comedido, nem muito conservador, nem tão inovador como, aliás, todos os seus companheiros do Grupo Santa Helena, entre os anos de 1930 e a década seguinte.
Com a chegada das abstrações no Brasil, Pennacchi, ao contrário de alguns de seus colegas, optou por reivindicar mais uma vez o muito antigo, para preservar seus valores. Não foi aceito como antes porque o momento de recuperação dos valores da tradição do Renascimento havia passado, já não podendo corresponder às demandas novas do mundo e do mundo da arte.
Como o diálogo entre o meio artístico foi se tornando cada vez mais difícil e como sua vida privada apresentava-lhe outras alternativas, Pennacchi recolheu-se, fortalecendo ainda mais suas crenças nos valores educativos da arte e na valorização de seus aspectos puramente artesanais.
Finalizado o ciclo de cem anos do seu nascimento e de quase quinze anos de sua morte, sua obra, um legado às novas gerações, pulsa ainda à espera de novas análises que ajudarão a compreendê-la não apenas dentro do contexto mais restrito da arte do país, mas, igualmente, no cenário da história brasileira recente, cenário este que muitos imigrantes, como Pennacchi, ajudaram a construir.
Tadeu Chiarelli , curador
in Sobre a experiência brasileira de
Fulvio Pennacchi , texto do catálogo da exposição.
in Sobre a experiência brasileira de
Fulvio Pennacchi , texto do catálogo da exposição.
Sobre a exposição
A mostra “ Fulvio Pennacchi 100 anos ” dá prosseguimento à celebração do I Centenário da Pinacoteca do Estado, e apresenta uma visão geral e crítica da obra do artista. A exposição abrange desde os primeiros desenhos e pinturas de sua experiência italiana, até os painéis e cerâmicas que fecham sua contribuição para a arte brasileira do século XX.
Entre esses dois extremos, o visitante poderá contemplar desde seus projetos publicitários, até sua aderência a temas de cunho religioso, que Pennacchi produzirá em alternância com composições onde os prazeres simples da vida camponesa são reverenciados: o trabalho, a amizade, a família. As pinturas, projetos e cerâmicas de Pennacchi reunidas na Pinacoteca, redimensionam a obra desse artista cuja vida está definitivamente ligada a São Paulo e a milhares de compatriotas seus que ajudaram no crescimento da cidade.
Na exposição será também exibido “Fulvio Pennacchi, uma poética da paixão”, documentário com duração de 30 minutos e produzido especialmente para a mostra. O vídeo apresenta passagens significativas da vida e da obra de Pennacchi, desde sua chegada ao Brasil até sua morte em 1992. A Igreja de Nossa Senhora da Paz, no Glicério, e a casa do Jardim Europa, ambos em São Paulo, são alguns dos locais destacados onde podem ser vistos trabalhos do artista. Participam do documentário, com depoimentos, a viúva do artista, Filomena Matarazzo, os pesquisadores Giovanna e Valério Pennacchi, respectivamente filha e sobrinho do artista, e o curador Tadeu Chiarelli. Roteiro e direção de Diógenes Moura e Guilherme Marback.
Pinacoteca do Estado
Pça da Luz, 2 – fone 11 3229.9844
Aberta de terça a domingo, das 10 às 18h.
R$ 4,00 e R$ 2,00 (meia). Grátis aos sábados
Imprensa: msono@pinacoteca.org.br (Marcio Junji Sono)
Pça da Luz, 2 – fone 11 3229.9844
Aberta de terça a domingo, das 10 às 18h.
R$ 4,00 e R$ 2,00 (meia). Grátis aos sábados
Imprensa: msono@pinacoteca.org.br (Marcio Junji Sono)
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